Internar um familiar consome energia, tempo e um orçamento que nem sempre fecha. A pergunta que mais ouvimos é direta: dependente químico tem direito a benefício do INSS?
A resposta curta é sim, em cenários específicos, seja por auxílio-doença para segurados ou por BPC/LOAS em situação de deficiência de longo prazo e vulnerabilidade social.
A parte longa deste guia mostra como comprovar, quais documentos reunir, como passar pela perícia e o que fazer se houver negativa.
A CT Rezende, clínica de recuperação em Sorocaba referência em dependência química e comorbidades, organizou este passo a passo para orientar sua decisão com segurança e rapidez.
O que o INSS analisa no caso de dependência química?
- Natureza da condição: a dependência química é classificada nos códigos F10 a F19 da CID e pode gerar incapacidade laborativa temporária ou de longo prazo.
- Capacidade para o trabalho: é o ponto central. Sem prova de incapacidade, não há benefício previdenciário.
- Vulnerabilidade social: no BPC/LOAS, além de deficiência de longo prazo, avalia-se renda familiar per capita e contexto social em avaliação biopsicossocial.
O que você deve saber antes de solicitar o benefício?
- Auxílio-doença: possível quando o dependente é segurado do INSS e comprova, em perícia, incapacidade temporária.
- BPC/LOAS: possível quando a dependência química configura deficiência de longo prazo e há baixa renda comprovada, com inscrição ativa no CadÚnico.
BPC/LOAS para dependentes químicos: quando cabe e como comprovar
Segundo uma matéria da VLV Advogados, o BPC/LOAS garante 1 salário mínimo a pessoas com deficiência ou idosos com 65+, desde que a renda familiar per capita seja igual ou inferior a 1/4 do salário mínimo e haja inscrição e atualização no CadÚnico.
No caso da dependência química, o direito depende de a condição configurar deficiência de longo prazo que comprometa a vida independente e a capacidade de trabalho, atestada em avaliação médica e social.
Checklist essencial para o BPC/LOAS:
- CadÚnico ativo e atualizado nos últimos 24 meses.
- Laudos médicos e psicológicos recentes descrevendo histórico, tratamentos, internações, comorbidades e limitações funcionais.
- Relatórios de internação e evolução clínica, receituários e prontuários.
- Comprovação de renda familiar e composição do núcleo familiar.
- Perícia médica e avaliação social do INSS.
Dica prática: mantenha um dossiê cronológico com laudos, prontuários, receitas e relatórios da clínica. Isso reduz o ruído na perícia e acelera a análise.
Auxílio-doença para dependente químico que é segurado do INSS
Outro conteúdo publicado no blog do Marcelo Parazzi explica que o auxílio-doença pode ser reconhecido quando o dependente químico é contribuinte do INSS e apresenta incapacidade temporária comprovada, normalmente associada ao tratamento e à internação.
Requisitos comuns na prática:
- Qualidade de segurado e carência mínima de 12 contribuições, salvo hipóteses legais de isenção.
- Atestado inicial para afastamento. A empresa cobre os primeiros 15 dias do empregado; do 16º em diante, solicita-se perícia no Meu INSS.
- Documentos clínicos coerentes com o período de afastamento proposto e o plano terapêutico.
Documentos que costumam ser exigidos na perícia:
- Identidade e CPF do requerente, comprovante de residência e, se empregado, declaração do último dia trabalhado.
- Laudo psiquiátrico detalhado, relatórios da equipe multiprofissional, comprovação de internação e medicações em uso.
- Para autônomos, carnês de contribuição e histórico contributivo.
Atenção: abandonar o tratamento pode levar à cessação do benefício. O INSS cruza informação assistencial e clínica.
Benefício negado! E agora?
Negativas costumam ocorrer por laudos insuficientes, CadÚnico desatualizado, renda per capita acima do limite ou ausência de incapacidade claramente demonstrada.
Se for BPC/LOAS:
- Interponha recurso administrativo via Meu INSS em até 30 dias, anexando novos documentos e justificativas técnicas.
- Se mantida a negativa, é possível acionar a Justiça Federal, com pedido de perícia judicial.
Se for auxílio-doença:
- Reúna documentação mais robusta, peça relatórios atualizados da clínica e do psiquiatra e reitere o pedido.
- Persistindo a negativa, recurso administrativo e, em último caso, via judicial.
Como a avaliação biopsicossocial enxerga a dependência química
- Dimensão médica: diagnóstico, gravidade, comorbidades, capacidade cognitiva e aderência ao tratamento.
- Dimensão funcional: limitações nas atividades de vida diária, autonomia e risco de recaída.
- Dimensão social: rede de apoio, renda, moradia, acesso a serviços, contexto de vulnerabilidade.
- Evidências fortes: internações repetidas, crise de abstinência com risco, transtornos associados, registros de urgência e evolução clínica.
Passo a passo resumido para cada caminho
Se o caso é de BPC/LOAS
- Atualize o CadÚnico no CRAS;
- Monte o dossiê clínico com laudos atualizados e relatórios da internação;
- Protocole o pedido no Meu INSS ou 135;
- Compareça às avaliações médica e social;
- Se negar, recurso em 30 dias. Persistindo, via judicial.
Se o caso é de auxílio-doença
- Comprove qualidade de segurado e carência;
- Obtenha atestado e registre o afastamento;
- Agende perícia com laudos e plano terapêutico;
- Mantenha o tratamento e atualize relatórios;
- Se negar, recurso e, se necessário, ação judicial.
4 dicas para reduzir indeferimentos
- Consistência documental: tudo precisa conversar entre si. Diagnóstico, evolução, medicação e período de afastamento devem estar coerentes.
- Laudo específico: evite laudos genéricos. O perito busca impacto funcional e prognóstico no tempo.
- Evidência de adesão: registros de terapia, grupos, consultas e internações mostram seriedade no tratamento.
- Atualização do CadÚnico: sem isso, o BPC não anda.
Como a CT Rezende pode ajudar na prática?
Na CT Rezende, estruturamos relatórios clínicos objetivos, alinhados à linguagem pericial, descrevendo limitações funcionais, linha do tempo do tratamento e prognóstico.
Orientamos a família sobre documentos, prazos e etapas no Meu INSS e mantemos o acompanhamento terapêutico necessário para sustentar o pedido, a manutenção e eventuais revisões.
Mitos comuns que atrapalham
- “Existe bolsa usuário.” Não existe. O apoio assistencial correto é o BPC/LOAS, mediante critérios legais e avaliação.
- “Internou, já tem direito.” Não. É preciso provar incapacidade e, no BPC, vulnerabilidade social.
- “Um laudo basta.” Geralmente não. Conjunto probatório fala mais alto.
- “Se voltar a trabalhar informalmente, nada muda.” Muda. O benefício pode ser revisto e cessado.
Informação certa, na hora certa, muda destino
Agora você sabe quando e como solicitar auxílio-doença ou BPC/LOAS para dependentes químicos.
Organize os documentos, alinhe expectativas e siga cada etapa com precisão.
Próximo passo: fale com nossa equipe para avaliar o caso e preparar a documentação clínica com foco pericial.
Fale com especialistas da CT Rezende e receba orientação personalizada para o seu pedido no INSS.